Na semana passada, o Secretário de Segurança do Rio Grande do Sul propôs aos 10 munícipios mais violentos do estado a interrupção da venda de bebidas alcoólicas nas noites de sexta e sábado, como forma de reduzir a violência.
Pouco tempo antes, o Ministro da Saúde estabeleceu uma polêmica pública com Zeca Pagodinho com relação a publicidade de bebidas.
A sociedade brasileira aparentemente está mais uma vez mostrando uma de suas faces mais cruéis: indignação com os resultados mas quase nenhuma vontade de atacar as causas.
Como no caso do cigarro, anos atrás, o álcool participa da violência e causa prejuízos materiais e humanos sem que as pessoas, e por consequência, muitas autoridades, queiram admitir o chamado nexo causal.
Fulano tem um comportamento agressivo. Se tiver tomado "umas", o comportamento agressivo pode se transformar em uma surra na mulher ou nos filhos. Se ele for dirigir, pode matar, ferir ou demolir carros, pessoas e outros bens. Se tiver arma em casa, o excesso de bebida pode terminar em tiroteio.
Mas nós gostamos de achar que antes de tudo vem o problema social, senha para não fazer nada.
O álcool em excesso não prejudica apenas ao alcólatra. Este é um doente que deve ser tratado. A piada antiga mas instrutiva já descreve: ao beber, o homem vai assumindo a forma de animais. Primeiro o Macaco, dizendo e fazendo coisas engraçadas, ficando espirituoso, etc. Depois o Leão, que manda em todos, ruge, provoca, etc. Por fim, o Porco, vomitando em tudo, sujando tudo, etc.
Lamentavelmente, os próprios representantes das Prefeituras, no caso do RS, citaram a necessidade de medidas sociais (sem dizer quais), e o desemprego (dos funcionários dos bares e casas noturnas), como razões para não colaborar com o Secretário de Segurança, enquanto o pagodeiro dizia para o Ministro "deixar o Zeca trabalhar".
Se o Zeca limitasse o seu trabalho a música, e se a sociedade brasileira, através de todos os seus mecanismos, apoiasse realmente o uso consciente da bebida alcólica, talvez a situação pudesse evoluir.
Caso contrário, vamos continuar a acreditar que só quando todos tiverem emprego, só quando todos tiverem educação, é que se poderá começar a reduzir a violência. Aí pode ser tarde demais, ou pode não chegar nunca!
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