terça-feira, 22 de maio de 2007

Crédito positivo e a economia

Cresce no Brasil o debate sobre o crédito positivo. De forma oposta ao SPC e outros registros negativos hoje vastamente usados no país, o crédito positivo informa o lado correto e identifica os bons pagadores.

A facção brasileira que é contrária a este novo fator nas relações entre consumidor e fornecedores se preocupa (aparentemente) com a maior circulação de informações sobre o consumidor e a consequente perda de privacidade.

Justificando o nome do blog, aqui vai a minha opinião, e desde já declaro a minha total parcialidade, influenciada pela experiência americana: sou completamente a favor do perfil de crédito positivo.

Para entenderem o porquê, um pouco de como funciona o modelo americano: a medida em que você tem compromissos mensais, como a conta da água, da luz, o aluguel, etc., você vai criando um perfil. Tem gente que paga suas contas sempre em dia, tem gente que paga antes do vencimento, tem gente que esquece, etc.

Lá, agências especializadas (pelo menos 3, as maiores), acompanham estas informações e as disponibilizam para quem vende produtos ou serviços. Você entra numa loja, compra algo a crédito, ou um serviço, como um celular, e a loja solicita a análise do seu perfil. Baseado no seu comportamento anterior, a agência de crédito dá uma opinião sobre a sua capacidade de honrar os pagamentos. E a loja concede o crédito, ou entrega o serviço.

A grande vantagem disso é a forma pela qual este mecanismo se tornou universal na economia americana. Através dele você usufrui os principais benefícios de uma economia estável (com quase nenhuma inflação) e com pleno emprego. De um celular ao leasing de uma Mercedes Benz, tudo é feito com base no crédito. Claro que com taxas de juro diferentes das nossas.

No caso brasileiro, o crédito positivo reduziria uma das justificativas usadas para o crédito mais caro do mundo (a nossa taxa real de juros ao consumidor). O "spread" bancário ficaria mais "transpaerente", ou seja, ficaria mais claro o que é risco de crédito e o que é uma taxa real de juros absurda, balizada pelo grande tomador, o Senhor Governo.

Obviamente, num país onde se compra o CD com o cadastro de CPFs no camelô da esquina, a privacidade dos dados é relativa. O que os americanos descobriram é que ter acesso ao seu próprio histórico de crédito é a forma mais eficiente de evitar o roubo de identidades, ou seja, saber que alguém usou os seus dados para pedir um cartão de crédito ou pior, interceptou o cartão não solicitado, enviado a você e usado por terceiros em seu nome, que só vai aparecer no dia em que o SPC ou o SERASA derem negativos. garantir esse direito (que nos EUA é um serviço que custa cerca de 40 dólares por ano) é uma das missões para os órgãos reguladores brasileiros.

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