Quando George Orwell criou 1984, recheou o romance com grandes idéias que sobrevivem por décadas. Uma delas foi a novilíngua, filha do duplipensar, que servia como ferramenta para reescrever a história.
Numa sociedade que avança(?) a cada dia para a ampliação do conceito de tolerância zero, com o cigarro (e os fumantes), com o álcool na direção, com os crimes de todos os tipos, poucos parecem prestar atenção para o fato de que tolerância zero pode querer significar o mesmo que intolerância.
Como é que intolerância sempre foi vista como um defeito e tolerância zero agora é vista como qualidade? Será que é novilíngua? (guerra é paz, liberdade é escravidão, lembram?).
Sem querer defender o indefensável, por exemplo, beber e dirigir, a intolerância, ou seja, não aceitar limites mínimos razoáveis para a bebida, quando aparecia nas religiões era visto como uma coisa antiga, difícil de aceitar. Várias religiões proíbem a ingestão de bebida alcoóloica. Isso era comumente visto como intolerância. E era ruim, chato, arcaico, etc.
A tentativa de mascarar as mudanças na história do modo como Orwell descrevia eram (e ainda são) características de regimes totalitários (no caso dele o foco estava naqueles que antigamente eram identificados como esquerda).
Modernamente, no Brasil do século XXI, parece que nossa sociedade está se tornando mais e mais totalitária, mais e mais fascista. Aparentemente, pelo que dizem as pesquisas, estamos todos nos tornando cada dia mais ciumentos dos nossos quinhões (afinal, a grande maioria apóia a tolerância zero).
Na Europa, novas leis contra os imigrantes, que um dia buscaram o sonho americano e agora buscam tirar uma casquinha do crescimento europeu. No Brasil, uma pressão cada vez maior por tolerância zero, por julgamentos sumários, uma mentalidade cada dia mais binária, mais simplista.
Será que leis intolerantes são efetivamente um avanço?
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Um comentário:
Olá Fernando,
Acho q o assunto é complexo. Leis são e sempre serão necessárias, não se vive em sociedade sem elas. O problema a meu ver reside em quem faz as leis. Diz a Bíblia "que não é do homem dirigir o seu passo". Acho que esse é o problema. Eu acredito que se todos vivessem debaixo da lei de Deus (e não falo aqui do aspecto religioso, mas de leis mesmo, as que regulam o dia a dia)as coisas funcionariam. Alguém que fizesse as leis sem nenhum interesse pessoal por detrás que não fosse o bem estar dos que a ela seriam subordinados.
E depois não é só ter leis, precisasse garantir o cumprimento delas.A Bíblia afirma: "Because sentence against a bad work has not been executed speedily, that is why the heart of the sons of men has become fully set in them to do bad"(sorry for the English part, I used to read my Bible in English so I don't forget the language). Note o speedily....
Acho que é isso, for now...Minha primeira experiência com blogs, se deixar acabo falando demais, hehehe.
By the way não sou Mórmom, sou Testemunha de Jeová.
Abracos,
Débora Miró
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