No domingo, 18/11/07, o jornalista Ethevaldo Siqueira publicou no Estadão uma interessante matéria sobre a privatização das telecomunicações no Brasil .
A matéria é muito boa, mas, sinceramente, em se tratando do Ethevaldo, eu esperava mais.
Com anos no mercado de telecom, produzir uma peça desse tamanho sobre a privatização de telco sem mencionar em nenhum momento as desconfianças geradas pela processo em si me parece uma falha significativa.
Na época do processo houve acusações de favorecimento. A estrutura de propriedade das empresas definida no plano inicial não durou muitos anos. As empresas criadas na privatização, por um planejamento considerado fundamental para evitar a substituição de um monopólio estatal por um oligopólio privado, acabaram sendo objeto de um processo violento de consolidação. Claro, Americel, Crt Celular, Telemig Celular, BCP, etc. desapareceram ou são só CNPJs a serviço das atuais megaoperações.
Também do lado das metas estabelecidas na época, a evolução tecnológica ajudou a desgastar o modelo. Quem se lembra ainda das metas de universalização que incluíam a obrigação de instalar e manter orelhões, que tanta reclamação causavam por parte das novas empresas? Hoje a BrT faz publicidade pra vender cartão prá usar no orelhão.
Além do problema político, que está bem posto no texto, o colossal problema de marketing está pouco explorado. As operadoras focam em redução de custos. Daí fecham as lojas e postos de atendimento. Tudo vira call center e internet, e com scripts feitos para não atender cancelamentos e reclamações. Qualquer usuário que ligar para uma operadora para desligar um telefone (fixo ou celular) vai ter muito (bota MUITO nisso) mais trabalho do que para ativar uma linha telefônica.
As estatísticas de base de usuários das operadoras são infladas. Se você um dia teve um celular de uma operadora, pode apostar que seu nome ainda consta da base de usuários dela, mesmo que já tenha cancelado o serviço há meses/anos.
Agora, que a falta de memória e a falta de vontade de comparar o passado com o presente são pontos importantes, ah, isso é absolutamete certo. Acho que devíamos propor uma campanha nacional: EU JÁ DECLAREI TELEFONE NO IMPOSTO DE RENDA.
Talvez ajudasse o povo a lembrar...
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